quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Cenários de utilização das tecnologias digitais e paradigmas educacionais emergentes - uma reflexão.



Indubitavelmente, a Internet veio alterar a aquisição das formas de aprendizagem e a divulgação de informação e, acima de tudo, veio revolucionar a forma como se podem disponibilizar conteúdos e comunicar a distância, podendo ser síncrona (em tempo real) e assíncrona (professor e aluno estão na situação de ensino-aprendizagem em lugares e tempos diferentes). As TIC assumem uma poderosa influência nas diversas áreas da vida social. Por conseguinte, o sistema educativo, perante a “explosão de informação” deve ter em conta as vantagens que a conjugação da tecnologia informática com a tecnologia da comunicação proporciona na pesquisa e na gestão de informação, assim como na construção das aprendizagens.
Conceitos como e-learning, b-learning têm vindo a facilitar uma abordagem construtivista, na qual se favorece a aprendizagem colaborativa num ambiente virtual de aprendizagem. Esses modelos de aprendizagem oferecem um conjunto de ferramentas – blogs, pasta de documentos/portefólio, fóruns de discussão, chat, lista de sites, etc.) - através das plataformas virtuais (plataforma Moodle, de referência em contexto escolar) que favorecem uma nova dinâmica ao nível das interações e das práticas pedagógicas inovadoras centradas na autoaprendizagem. Também as redes sociais, principalmente, o facebook e outras  ferramentas da WEB 2.0. contribuem para a promoção de práticas pedagógicas ativas.
O professor universitário J. António Moreira apresenta num vídeo (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=tPNLM4dncWQ) um conjunto de ferramentas da WEB 2.0. enriquecedoras no contexto de um quadro pedagógico inovador, tais como: www.videoscribe.com, www.tricider.com, www.pedomatic.com, entre outras.
Na verdade, recriar uma Escola Aberta ao contexto das novas aprendizagens, tendo como base uma educação aberta e colaborativa em rede, torna-se um grande desafio, tendo em conta a resistência dos professores mais tradicionais face às mudanças, pois a maioria destes professores, apegados ainda ao quadro, ao giz/caneta e ao manual escolar, sente-se ainda não preparada para abraçar este ambiente virtual de aprendizagem que o associa a uma espécie de espaço de ficção científica. Trabalhar com smarphones, android phones, tablets na sala de aula é inconcebível para estes professores. 
 
De facto, é fundamental que a Escola aprofunde o conhecimento sobre as TIC para responder à diversidade das necessidades e expectativas dos alunos. Segundo M.I. Candeias e J.A. Silva, na sua publicação - A nossa sala de aula já é maior que o planeta Terra! – “(..) a comunicação por meio digital é propiciadora de desenvolvimento, ao permitir a partilha do conhecimento entre pessoas que, individualmente ou no interior dos seus grupos de reflexão, poderão não só aceder, mas melhor ainda, provocar a expansão desse conhecimento de acordo com os seus interesses e possibilidades.” Por conseguinte, para se desenvolver uma construção coletiva das aprendizagens e competências no âmbito da partilha da informação, uma vez que vivemos numa sociedade conectada, que requere o conhecimento da manipulação das ferramentas, das plataformas e dos interfaces online, é, efectivamente, importante apostar na qualificação profissional dos agentes educativos, através da formação superior ou de cursos gratuitos, de modo a promover práticas pedagógicas ativas que enriqueçam potencialidades na construção de um espaço pessoal de aprendizagem num paradigma educacional emergente que permita “a sustentabilidade pedagógica no plano da mediação das interações” (Professor Paulo Dias - Revista EFT: http://eft.educom.pt).
Ora, "definir uma estratégia de angariação", citando o professor J. António Moreira, parece ser um bom ponto de partida para mudar a posição dos professores mais tradicionais, uma vez que a qualificação dos agentes educativos é fundamental neste novo processo; a formação profissional nas áreas das TIC é uma estratégia exequível. Como a formação docente neste campo é abrangente, cabe às escolas e aos centros de formação docente corresponsabilizarem-se e sintonizarem as suas necessidades, proporcionando uma oferta de ações de formação mais diversificada no âmbito da utilização das tecnologias digitais e paradigmas educacionais emergentes, direcionando, por exemplo, os professores com menos qualificação nesta área para a experimentação das novas ferramentas da WEB 2., de maneira a que as encaram como uma mais-valia na sua praxis, já que a Internet é um complemento da aula.   
Frequentar um curso de ensino híbrido parece-me uma proposta interessante ao nível da integração das TIC ao ensino, já que poderá possibilitar a autoaprendizagem num contexto de personalização aplicável numa experiência de nova aprendizagem. Ora, o professor assume um novo papel, o de coach, um orientador capaz de envolver ativamente os alunos na aquisição de competências de informação e comunicação através de um processo colaborativo e de “mediação da interacção social e cognitiva nas comunidades de aprendizagem” apresentando “novas direções para o desenvolvimento do pensamento na conceção, organização e práticas da educação aberta e em rede na sociedade digital”( Professor Paulo Dias). Além disso, neste modelo há um aspeto muito importante a ter em conta:  o papel das tecnologias no desenvolvimento da capacidade comunicativa entre professor e alunos numa relação pedagógica mais próxima e eficaz, pois o professor torna-se um mediador mais disponível para responder às necessidades dos seus alunos em qualquer hora e local (Professor J. António Moreira).
 Concluindo, se o verdadeiro potencial da educação em rede se alicerça nas conexões entre internautas e na aprendizagem colaborativa, em ambientes virtuais de aprendizagem, então, a Escola Aberta, conectada com o mundo, deve fazer uma reflexão mais aprofundada, repensando na formação dos professores e outros agentes educativos, uma vez que a passagem, mesmo sendo gradual, do ensino presencial para o ensino a distância não é linear, pois envolve adaptações significativas a este novo contexto, nos ensinos básico e secundários. O desafio é exigente, mas ter uma atitude pró-ativa é determinante no processo da evolução das aprendizagens.