segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Literacia Mediática

 
  




 
 
 

Relação Vídeo-Escola


O vídeo é um dispositivo pedagógico que oferece diversas possibilidades de utilização didática nas aulas, uma vez que o seu impacto é maior que as palavras do professor. A imagem, tal como a escrita, situada, hoje em dia, no mesmo plano, é uma linguagem, uma representação que deve ser objeto de leitura e de aprendizagem, tendo em conta o mesmo nível de exigência que é requerido à leitura do vídeo. 

Séraphin Alava (2015), professor das  universidades de IUFM de Toulouse e investigador no Centro de Pesquisa em Educação, Formação e Inserção de Toulouse, cujos  trabalhos de estudo visam a componente mediática do processo ensino /aprendizagem, coloca a seguinte questão como título num artigo (disponível em http://future.arte.tv/fr/les-usages-video-des-jeunes-quels-interets-pedagogiques): Les usages vidéo des jeunes : quels intérêts pédagogiques ?”.

 Segundo Alava, a conexão dos sites com as redes sociais transformaram a relação passiva que se desenvolvia com a televisão. Assim, com os ecrãs conectados, Web TV, tablets, smartphones, os jovens, fora da sala de aula, desenvolvem práticas ao nível da criação de vídeos e competências digitais, publicando-os em redes sociais.

Assim sendo, a escola não pode negligenciar esta relação permanente entre jovens e ecrã. Thierry Karsenti (2012), autor referido por Alava, com base num inquérito realizado por ele e colegas da Universidade de Montreal, a 2712 alunos (de 10 a 17 anos) sobre os efeitos pedagógicos das TIC e do vídeo em contexto escolar, confirma que a utilização do vídeo em aula melhora a capacidade dos alunos, no que diz respeito à visualização de um fenómeno, à memorização das diferentes fases das situações de aprendizagem e ao processo de resolução de problemas.

Segundo J. António Moreira e Fouad Nejmeddine (2015), o vídeo, enquanto recurso pedagógico, deve:

ü  corresponder a objetivos educativos;

ü  estar relacionado com os currículos;

ü  estar integrado numa planificação que estabeleça as relações com as tarefas a realizar nos três momentos de exploração de um vídeo (antes, durante, depois do visionamento).

Ainda segundo os autores anteriormente citados, a utilização do vídeo nem sempre tem sido feita de forma mais adequada devido, sobretudo, à fraca formação dos professores na dimensão didática e, ainda, devido à falta de elaboração de uma planificação consistentemente organizada para a exploração do recurso audiovisual. 

Amélia Carvalho (2013), sublinha, quanto à utilização do vídeo em contexto educativo, a importância da planificação que exige tempo de preparação para uma adequada integração e exploração. 

De facto, a planificação deve seguir uma “démarche” que contemple etapas orientadoras para os professores e para os alunos na leitura do vídeo de forma eficaz. 

Como exemplo das etapas orientadoras, apresento, de seguida, um quadro-síntese que enuncia as principais etapas para uma adequada utilização pedagógica do vídeo em sala de aula, abordadas por Moreira e Nejmeddine (2015), com base nos documentos orientadores disponibilizados por National Teacher Training Institute e KQED Education. 

 
Etapas para uma adequada utilização pedagógica do vídeo
 
1ª FASE
Prévia à visualização
2ª FASE
Durante a visualização
 
3ª FASE
Após visualização
·         planificação – visionamento do vídeo para verificação dos objectivos dos currículo;
·         elaboração de guião/grelha de observação;
·         determinação do tempo de utilização;
·         planeamento dos momentos de pausa (testar observação, compreensão, vocabulário, reflexão…)
·         preparação do equipamento e atividades a realizar depois do visionamento.
 
·         disponibilização de um guião orientador para um visionamento ativo;
·         visionamento de pequenos excertos direcionados para as experiências de aprendizagem em estudo;
·         observação dos pormenores técnicos;
·         aferição dos conhecimentos dos alunos através da visualização do vídeo, sem o som, ou tapando as legendas, se for caso disso);
·         gestão dos momentos mais significativos através de pausas planeadas conducentes à reflexão sobre o sentido da narrativa e sobre a sua ligação com os conteúdos.
·         debate sobre as ideias, as emoções suscitadas pelo vídeo;
·         síntese das aprendizagens por ele transmitidas, integradas na temática em estudo;
·         esclarecimento dos aspetos incompreendidos pelos alunos;
·         realização de atividades complementares sobre o vídeo.  

 Bibliografia/ Webgrafia:  

Alava, Séraphin, Les usages vidéo des jeunes : quels intérêts pédagogiques ?, 2015, disponível em :
http://future.arte.tv/fr/les-usages-video-des-jeunes-quels-interets-pedagogiques
 
Carvalho, Ana Amélia, Aprender através dos recursos online, RBE, MEC, 2013

 Moreira, J. António e Fouad Nejmeddine, O vídeo como dispositivo pedagógico e possibilidade de utilização em ambientes de aprendizagem flexíveis, Wh!tebooks, 2015

domingo, 24 de janeiro de 2016

O Youtube - uma ferramenta com potencial pedagógico: Biblioteca Escolar eMediateca no canal - exploração de um vídeo em sala de aula

Usar os recursos já disponíveis na Internet, entre os quais o Youtube, em contexto educativo, pode ser uma mais-valia para as práticas pedagógicas.
 
A criação de um canal do Youtube associado à biblioteca escolar permite a criação de um espaço aglutinador de várias aprendizagens, propiciadas pelo visionamento de vários tipos de vídeos, selecionados criteriosamente por uma equipa de professores capacitados na área das literacias da informação, digital e mediática.
 
 No seu site http://enseigner.tv5monde.com/collection/des-conseils-pour-selectionner-et-analyser-un-document-audiovisuel, a TV5 Monde propõe 8 critérios de seleção de um documento audiovisual:
  1. Interesse do assunto para os alunos;
  2. Relação entre o vídeo e o programa curricular;
  3. Acessibilidade do assunto com base nos pré-requisitos socioculturais e linguísticos;
  4. Duração do vídeo (máximo três minutos);
  5. Coerência do excerto fílmico fora do contexto integral;
  6. Importância da imagem e do som como elementos facilitadores do sentido das informações;
  7. Compreensão do documento audiovisual ao nível da produção oral (débito, dicção, pronúncia...);
  8. Qualidade técnica (som, voz, imagem).
Exemplo de um canal do Youtube - Biblioteca Escolar eMediateca -, ainda em processo inicial de construção pelas professoras M. Teresa Marques, M. Manuela Barbas, M. do Carmo Costa, Rosa Fernandes e Maria Rodrigues, que tem como intenção: a disponibilização de uma lista de vídeos que podem servir de dispositivos pedagógicos e possibilitar a sua utilização didática:  

 
Como explorar um vídeo do Youtube em sala de aula?
 
Exemplo de exploração fílmica de um vídeo/animação que pode ser feita na disciplina de Português (7ºano) sobre o poema de Fernando Pessoa, O Mostrengo; esta exploração antecede a análise literária do texto poético, por conseguinte, é uma atividade de motivação para a leitura do mesmo, articulando literacia mediática, com recurso a vídeo do Youtube, e literacia literária.
 

 
 
 
 
YOUTUBE TECA
Grelha de observação de DOCUMENTO VÍDEO - (Prof. MTM)


TIPO DE DOCUMENTO
 Animação baseada no poema de Fernando Pessoa
TÍTULO
O Monstrengo, de Fernando Pessoa
REALIZAÇÃO / Data de publicação
Fernando Simões 05/01/2008

VISIONAMENTO GLOBAL 


1º VISIONAMENTO – OBSERVAÇÃO DA IMAGEM SEM SOM E EXPECTATIVAS
  1. Observem o vídeo e,  a partir da imagem, formulem hipóteses sobre a narrativa, com base nos seguintes elementos:
  • Cenário
  • Figuras – pessoas e outros seres (caracterização física)
  • Objetos
  • Tempo/Contexto histórico
2.  Troquem ideias acerca da narrativa com base nos elementos visualizados. 


2º VISIONAMENTO – OBSERVAÇÃO DA IMAGEM COM SOM 
  1. Escutem com atenção o vídeo e registem na seguinte grelha os diferentes sons: 
Tipo de música
 
Sonoridades/Ruídos
 
Atmosfera criada pelo som
 
Voz off do locutor –
Nº de vozes
 


VISIONAMENTO SELETIVO 


OBSERVAÇÃO DE SEQUÊNCIAS FÍLMICAS SELECIONADAS/EXPOSIÇÃO ORAL
  1. Observem atentamente as seguintes sequências fílmicas:
  • 0:00/0:06 – Descrevam o espaço tendo em conta a passagem de um plano geral para o plano particular. Por que razão se dá a passagem do planeta Terra abundante em água para a localização de Portugal Sul Oeste? Como se chama o local de onde partiram as naus portuguesas?
  • 00:06/00:28 – Descrevam a atmosfera da viagem dos marinheiros com base nas cores do cenário e na música/outros sons.
  • 00:29/00:48 – Que transformação ocorre na narrativa? Descrevam o ambiente envolvente através dos elementos visuais e sonoros.
  • 00:49/02:491º visionamento – Atentem nas duas figuras: Mostrengo e Homem do Leme e comentem o seu comportamento, partindo das suas atitudes, expressões faciais, gestualidade, movimento, relação entre ambas); 2º visionamento – Escutem com atenção a voz off que interpreta as três vozes (narrador, Mostrengo, Homem do Leme) e recontem o poema de Fernando Pessoa, com base nas imagens e no discurso do locutor; 3º visionamento -  Expressem a vossa opinião sobre o discurso do locutor, tendo em conta as entoações, o tom de voz,  o débito.
  • 02:50/Fim do vídeo - Descrevam o cenário, referindo o valor simbólico do elemento sol. 
APRECIAÇÃO DO VÍDEO 
  1. Avaliem o vídeo de 1 a 5 e exponham  as vossas razões, com base nos seguintes parâmetros:
  • Qualidade da técnica de produção;
  • Captação das imagens através dos planos – geral, médio, grande plano, de pormenor, contrapicado, picado;
  • Escolha da música e a sua adequação;
  • Sons;
  • Voz do locutor e percetibilidade da mensagem etc…
  • Importância do visionamento do vídeo para a análise do poema.
 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Sugestão de leitura: um livro orientador que apela à reflexão sobre a revovação dos audiovisuais em contexto educativo

 

O vídeo - um recurso de aprendizagem dinâmico


 


"O vídeo parte do concreto, do visível, do imediato, próximo, que toca todos os sentidos. Mexe com o corpo, com a pele - nos toca e "tocamos" os outros, estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente. Pelo vídeo sentimos, experienciamos sensorialmente o outro, o mundo, nós mesmos."
José Manuel Moran, em