O
vídeo é um dispositivo pedagógico que oferece diversas possibilidades de
utilização didática nas aulas, uma vez que o seu impacto é maior que as
palavras do professor. A imagem, tal como a escrita, situada, hoje em dia, no
mesmo plano, é uma linguagem, uma representação que deve ser objeto de leitura
e de aprendizagem, tendo em conta o mesmo nível de exigência que é requerido à
leitura do vídeo.
Séraphin Alava (2015), professor das universidades de IUFM de Toulouse e
investigador no Centro de Pesquisa em Educação, Formação e Inserção de
Toulouse, cujos trabalhos de estudo
visam a componente mediática do processo ensino /aprendizagem, coloca a
seguinte questão como título num artigo (disponível em http://future.arte.tv/fr/les-usages-video-des-jeunes-quels-interets-pedagogiques): “Les usages vidéo des jeunes : quels intérêts
pédagogiques ?”.
Segundo
Alava, a conexão dos sites com as redes
sociais transformaram a relação passiva que se desenvolvia com a televisão.
Assim, com os ecrãs conectados, Web TV, tablets,
smartphones, os jovens, fora da sala de aula, desenvolvem práticas ao nível da
criação de vídeos e competências digitais, publicando-os em redes sociais.
Assim sendo, a escola não pode negligenciar esta relação permanente entre
jovens e ecrã. Thierry Karsenti (2012), autor
referido por Alava, com base num inquérito realizado por ele e colegas da
Universidade de Montreal, a 2712 alunos (de 10 a 17 anos) sobre os efeitos
pedagógicos das TIC e do vídeo em contexto escolar, confirma que a utilização
do vídeo em aula melhora a capacidade dos alunos, no que diz respeito à
visualização de um fenómeno, à memorização das diferentes fases das situações
de aprendizagem e ao processo de resolução de problemas.
Segundo J. António Moreira e Fouad
Nejmeddine (2015), o vídeo, enquanto recurso pedagógico, deve:
ü corresponder a objetivos educativos;
ü estar relacionado com os currículos;
ü estar integrado numa planificação que
estabeleça as relações com as tarefas a realizar nos três momentos de
exploração de um vídeo (antes, durante, depois do visionamento).
Ainda segundo os autores
anteriormente citados, a utilização do vídeo nem sempre tem sido feita de forma
mais adequada devido, sobretudo, à fraca formação dos professores na dimensão
didática e, ainda, devido à falta de elaboração de uma planificação
consistentemente organizada para a exploração do recurso audiovisual.
Amélia Carvalho (2013), sublinha,
quanto à utilização do vídeo em contexto educativo, a importância da
planificação que exige tempo de preparação para uma adequada integração e
exploração.
De facto, a planificação deve seguir
uma “démarche” que contemple etapas orientadoras para os professores e para os
alunos na leitura do vídeo de forma eficaz.
Como exemplo das etapas orientadoras,
apresento, de seguida, um quadro-síntese que enuncia as principais etapas para
uma adequada utilização pedagógica do vídeo em sala de aula, abordadas por Moreira
e Nejmeddine (2015), com base nos documentos orientadores disponibilizados por National Teacher Training Institute
e KQED Education.
Etapas para uma adequada utilização
pedagógica do vídeo
|
1ª FASE
Prévia à visualização
|
2ª FASE
Durante a visualização
|
3ª FASE
Após visualização
|
·
planificação – visionamento do vídeo para verificação dos
objectivos dos currículo;
·
elaboração de guião/grelha de observação;
·
determinação do tempo de utilização;
·
planeamento dos momentos de pausa (testar observação,
compreensão, vocabulário, reflexão…)
·
preparação do equipamento e atividades a realizar depois do
visionamento.
|
·
disponibilização de um guião orientador para um visionamento
ativo;
·
visionamento de pequenos excertos direcionados para as
experiências de aprendizagem em estudo;
·
observação dos pormenores técnicos;
·
aferição dos conhecimentos dos alunos através da visualização
do vídeo, sem o som, ou tapando as legendas, se for caso disso);
·
gestão dos momentos mais significativos através de pausas
planeadas conducentes à reflexão sobre o sentido da narrativa e sobre a sua
ligação com os conteúdos.
|
·
debate sobre as ideias, as emoções suscitadas pelo vídeo;
·
síntese das aprendizagens por ele transmitidas, integradas na
temática em estudo;
·
esclarecimento dos aspetos incompreendidos pelos alunos;
·
realização de atividades complementares sobre o vídeo.
|
Bibliografia/ Webgrafia:
Alava, Séraphin, Les usages vidéo des jeunes : quels intérêts
pédagogiques ?, 2015, disponível em :
http://future.arte.tv/fr/les-usages-video-des-jeunes-quels-interets-pedagogiques
Carvalho, Ana Amélia, Aprender através dos recursos online,
RBE, MEC, 2013
Moreira,
J. António e Fouad Nejmeddine, O vídeo como dispositivo pedagógico e
possibilidade de utilização em ambientes de aprendizagem flexíveis,
Wh!tebooks, 2015